sexta-feira, 19 de julho de 2013

Singular


Não sou dessa era e não sei o que há do lado de lá. Eu que até então não me conhecia e que a mim não temia, temo já os meus versos. Eu, que agora me vejo, me decifro, me desejo e sinto até saudades de mim. Encontro-me cedo, breve e sem traços e me tomo em pequenos goles, na primeira refeição. Me tomo de tudo, porque me quero pra mim. Eu, que até então não sabia o quão real seria conhecer a si. E não sabia também, fechar o infinito ou enlouquecer com o sabor do egoísmo de ser seu fantasma e também, seu abismo. Não ser reflexo e sim espelho. Não ser vento e abstração. Eu, que descobri ser trilha incerta, talvez poeta ou rumos dispersos. Eu, que tão crente bailo quando consigo cantar esse meu canto tão perfeito e tão particular. Então, descubro ser pecado rubro, histórias do meu próprio punho e voz que não sabe calar. Eu, que tão logo vi que meu mundo não é como o dos outros e que a minha alma tem sede de astros e saudade desconhecida. Eu, que outrora não sabia me provar, descubro que por vezes e sem parênteses, sou tão primeira pessoa do singular.

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