segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Moça


Entrou, retilínea, no recinto. Os passos, esparsos, quase falavam por si. Procedeu o intuito,  e "ai que dó" de quem não a notasse. De ofício, assumiu a pesada responsabilidade da antipatia e rasgou, a grosso modo, o clima sem raça do ambiente hostil. Coerente aos pontos cardeais, a cabeça erguida proporcionava uma visão mais justa. Foi questionada com olhares. Foi julgada por juízos de estimação. Focou no epicentro e de bom dia ofereceu um sorriso injustificável. Ninguém se mexeu. Ninguém atravessou o caminho. Estavam todos com muito receio de pisar no rabo do bicho. Obrigatoriamente, mesmo se ela estivesse ausente, seria percebida. Menina insensata essa. Entrou, ficou dez minutos e saiu, causando (com que direito?) tormentos mentais nas pobres criaturinhas. Sujou as mãos por ser quem era. E saiu, de batom vermelho, no estilo humor negro. 

Lia Clarisse, e portanto sabia que a liberdade ofende.