segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dó Ré Mi Fá


(...) Que passava por despóticos com um entusiasmo sem limites. Passava por heróis, por pessoas, por oásis. Passava firme e caprichosa. Flutuava bem leve e trôpega, linda. A saia rodada correndo por entre as pernas de um jeito simples e literal. A noite escura refletindo sua alma introspectiva e sufocada. Lamentos tão intensamente lindos e tristes. Passava sem correntes por toda a platéia, chamando atenção. De salto fino, tão resoluta. Aplausos fora de foco em meio ao seu pranto. Aplausos dados com corações. Tão dançante e tão reflexiva. Claves e fás com maquiagem. E assim, coisas verdadeiramente belas que quase ninguém percebe. Macia e prateada, mexia-se usando dedos ágeis. Passava com aquela calda negra de maneira mansa, só dela. Para alguns, nota de aprovação e para outros, nem tanto. Quase mulher. Dó. Ré. Mi. Fá. Notas de piano.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sertão


Na estrada queimada, correm utopias, sem rumo. Hoje, o sol está mais quente e invasivo, cegando os olhos anônimos. Por ora, saltam sonhos, calor e a sombra de um sorriso carente. Sede. A poeira faz companhia no eco e no oco que de longe, é paisagem. A saudade é uma estrada longa, que sem delongas, nem se tenta explorar. Sede. Baião e sanfona para embalar, com pimenta, pinga e um adeus de barro seco. Coisa de macho. Sede, e quase fome. No ápice da noite, usando um chapéu de palha o caboclo diz, com voz de mel, que sertão é o coração das pessoas e que a vida - mesmo de taipa - pode ser tão bela. Be-la!