segunda-feira, 15 de abril de 2013

Silêncio


"Não tenho medo do grito dos violentos, 
dos corruptos, dos desonestos, 
dos sem-caráter, dos sem-ética. 
Tenho medo é o silêncio dos bons."
Martin Luther King


Eu vejo um mundo inteiro. Um infinito que só eu enxergo. As flores estão caídas nas calçadas curvas descansando uma vaidade silenciosa sobre o concreto. Eu aqui, calada, procuro uma esperança em cada esquina ou, uma novidade. Mais um dia e não apenas um dia a mais. Calo. Sinto. A solidão fotografa abstrações da minha mente. No silêncio branco, afasto qualquer excesso sufocante, porque calar é falar também. Falar com sua própria carga, com seus pensamentos e seus sonhos. Estar consigo é uma relação vibrante. Estrelas e faíscas. E simples. Sem discurso, cordialidades, sem roupa e sem medos. Vejo, de onde estou - em qualquer lugar agora - multidões inacabáveis, e sei que todos eles estão bem mais sozinhos que eu. Ter a si é necessário. Pertencer a si é um dom, um remédio.
Lá fora, chuva. Aqui, minhas próprias gotas ecoam reflexões tão lindas e completas que me atraem como um ornamento, pela sua forma única. Cheia de um horizonte meu e uma liberdade sem fim. Cheia da uma perspectiva minha e de promessas minhas. De mansidão, viagens, amor e tempo. Cheia de mim e de sussurros. Se a chuva vai embora, meu silêncio retoma todos os seus gritos e conversas, parecendo de longe, fogo em tons laranja. É quando sinto que o tempo nem passa e que a calma é quase eterna ou, que as cores do espectro suavizam-se. Quando tudo volta a fazer sentido novamente, a certeza é quase absoluta e permanente.
A noite surge tão inocente, trazendo um cheiro distante de mar e felicidade e então me pergunto por que não crer nas minhas vontades - tão vivas - e por que não desperdiçar coragem para realiza-las. Por que não qualquer coisa agora?..
Cada um leva consigo seus sentimentos, cansaços, coleções da vida e problemas quase insolúveis, mas quase ninguém cala. Silenciar é crescer e nunca é caro o preço a ser pago. A propósito, o mundo está tão calmo nesse momento e a luz da lua é suficiente. Sem censura, vou sentar na varanda e com o vento, calar.

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