quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Somente


Por favor, quando chegar abra a porta num impulso. Esbarre em mim sem precisar pedir desculpas e me acomode dentro de ti, como o melhor cumprimento. Não temos tempo, deixe a cena nos vestir. Arrepie meus pensamentos. A voz da nossa conversa mental sussurra o desate. Derrama em mim o que emudece, que de mim transborda o que desamarra. Feche os meus olhos por conseguir traduzir minha visão nos seus toques. Nosso terreno é a invasão. Vem, e só me convide pro agora, que é onde fizemos morada. Vem inteiro, vem meu, vem úmido, vem paladar no que eu faço. Chegue e me ocupe. Os ponteiros dançam... não te peço tempo, eu quero a plenitude de meio relógio pequeno. Então, decida vir com aquele abraço que me veste na melhor seda. Chegue e não meça nossos excessos. Acenda meu cigarro, borre meu batom, me impeça de lembrar meu nome. Chegue e faça paisagem na alça caída do meu vestido. Me tire de casa. Vem despencar as estrelas do meu céu... vem me mostrar seu talvez. Vem me achar bonita e revelar labirintos no meu ouvido, me perder e só me encontrar dentro do assalto daquele seu olhar fixo. Somente. Chegue pleno, livre, solto. Sinta o aroma das palavras sem apego ao contexto e ao instrumento. Delicado, voraz, eloquente, estampado ou tranparente, mas sempre despido do mundo e da sua ultima estação. Toque no que é abstrato. Me traga aquele sorriso que não me deixa recuar. Me traga voltas. Quero um cativeiro momentâneo, quero atravessar a sanidade, mudar de ideia. Quero sussurrar que quero. Me traga um substantivo sem verbo. Um som, um vento, uma fumaça no ar. Me traga um corpo quente, uma dose de desejo, seu melhor beijo. Ainda é hoje!
Chegue para descobrir o que será permitido. Não tenho tempo a perder, me ponha pra dançar. Me relembre nós. Vez ou outra, meu mundo se veste com um paletó... e então, tudo o que eu quero, é despi-lo. 

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